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UMA CIDADE PARA SANEAR

Outro trabalho feito para a Disciplina Geografia Urbana I que busca estabelecer o diálogo entre os elementos encontrados no livro “O que é cidade?” de Raquel Rolnik e a realidade da cidade de Teresina. Neste trabalho, optou-se por utilizar uma reportagem veiculada pelo Jornal Meio Norte do dia 28/03/2010 como ponto de partida para análise do espaço urbano de Teresina.

Essa reportagem se encaixa exatamente dentro do nosso assunto que é Urbanismo e faz um levantamento de quão é insuficiente em Teresina, o serviço de coleta de lixo; calçamento e esgotamento sanitário, ficando a população sempre a espera de uma solução efetiva e rápida. O saneamento básico é um dos principais problemas, fazendo com que a cidade seja a terceira no ranking das capitais, em situação precária, sendo 92,86% da população sem acesso a rede de esgoto. O saneamento básico não se restringe apenas ao esgotamento sanitário, estão incluídos também: calçamentos e coleta de lixo, cujos transtornos são bem visíveis nas vilas e bairros afastados do centro e de acordo com o presidente da Federação das Associações de Moradores do Piauí – FAMEPI – Raimundo Mendes, quando afirma que esses problemas existem em todos os bairros, com galerias abertas, falta de calçamentos e esgoto, a coleta de lixo não chega em alguns lugares pela dificuldade do acesso, ou as vezes o sistema é ineficiente, por não ser feito adequadamente.

Com relação aos calçamentos, além da ausência em grande número das vilas, a situação piora quando não há a manutenção dos mesmos, tornando-se intrafegáveis e aponta o bairro Dirceu Arcoverde  com esse problema mais visível.

No texto de Raquel Rolnik, O  que é cidade,  pg. 67, esses problemas citados na reportagem são bem característicos da cidade capitalista, onde a autora  enfatiza a ocupação capitalista da terra, onde as casas e bairros de nossa cidade só podem ser construídas se obedecerem a um certo padrão e no planejamento urbano, as favelas, cortiços e áreas de invasão, são habitações subnormais que o povo chama seus habitantes de má vizinhança e isso desvaloriza o bairro, mas quem mora ali, considera a melhor maneira de conseguir morar em uma cidade cara e segregada, assumindo a condição de não-cidadão, estigmatizado por estar desviado da norma, mas apesar  de serem estigmatizados até pelos próprios favelados,  as casas não param de crescer e nem os problemas que continuam a espera de solução do poder público. Com os salários baixos dos empregados e o lucro alto do capital, não permitem que todos os moradores da cidade, comprem casas ou apartamentos confortáveis e loteamentos regulares e as pessoas se viram como podem, constroem ou dividem com muitos suas casas, , invadem,  e vão se organizando  em territórios populares, na clandestinidade.

E do ponto de vista do capital, a favela é considerada inimiga, do capital imobiliário,  que desvaloriza a região; da policia ; dos médicos, porque aquele espaço sem saneamento , com esgotos a céu aberto, os parasitas se reproduzem e proliferam.  O clamor dos favelados, que em Teresina, mudou de nome, agora em lugar de favela, chama-se de vila, como se mudando de nome, os problemas se acabam, mas os moradores continuam clamando diariamente pela intervenção do Estado, exigem o reconhecimento e a condição de cidadão, merecedor da infra-estrutura, equipamentos públicos e habitação digna e essa intervenção quando acontece, é dada através de programas e projetos, adequando-os as normas do modelo, é uma ação que responde simultaneamente ao capital e aos moradores das vilas.

Finalizando, neste contexto, verificamos que o poder público funciona na cidade capitalista como produtor de condições de acumulação de capital; intervém nos conflitos da cidade e também controla o cidadão.

Luzimar Paz de Melo Mota

(Aluna da Graduação em Geografia)

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