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Ferramenta útil para análises do espaço geográfico.

25 de julho de 2010 Deixe um comentário

A geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fenômenos físicos e humanos significativos na paisagem, ou seja, no espaço geográfico. Dentre os vários ramos da Geografia têm-se a Geomática, surgida desde a revolução quantitativa da geografia na metade da década de 1950, sendo que trata das atividades de produção, coleta, armazenagem, análise, transmissão e gerenciamento de informações geográficas que inclui atividades como topografia, cartografia, hidrografia, geodésia, fotogrametria, sensoriamento remoto, processamento digital de imagens, banco de dados espaciais, cadastro técnico, sistemas de informação geográficos (SIG), mapeamento digital e os sistemas de posicionamento por satélite, como o GPS e outros.

Dentre os SIG, o mais comum e mais fácil tanto de obtenção quanto de manuseio é o software GOOGLE EARTH, onde é possível verificar imagens georreferênciadas de todo o planeta e várias outras funcionalidades bem interessantes. O que venho aqui destacar é a nova função da versão atual do programa (GOOGLE EARTH 5) que possibilita visualizar imagens históricas ao redor do globo. Essa funcionalidade está localizada na aba superior do programa e é representada por um relógio.

Mas o que torna essa função interessante para os estudos geográficos?  Pois bem! Ela se torna muito útil para o exercício da comparação e análise de fenômenos na paisagem o que são atividades intrínsecas em análises espaciais, pois evidencia as mudanças ocorridas e as tendências atuais, o que possibilita desenvolver medidas de ordenamento espacial mitigando assim problemas acerca do uso do solo.

Nas imagens a seguir é apresentado um exemplo de como essa função é bastante útil em pesquisas geográficas.

Imagem georreferênciada  em 2005

Imagem georreferênciada em 2009

Nas imagens é possível observar a substituição de equipamentos urbanos, onde na imagem de 2005 o terminal rodoviário rural é substituído por uma estação de trem e um shopping, representados na imagem de 2009, isto mostra a evolução do ambiente urbano teresinense e a mudança dos valores, funções e necessidades demonstradas pela população residente da cidade.

Portanto, o GOOGLE EARTH, é uma ótima ferramenta para o estudo e pesquisa em Geografia, cabe agora colocar a mão na massa ( rsrsrrsrsr) e agregar valor a suas pesquisas. E para isso contem com o LAGEO, que já possui computadores com a ferramenta.

Marco Aurélio

marcoaureliolira1989@hotmail.com

Mini-curso: Manuseio de GPS e Transferência de Pontos

24 de julho de 2010 1 comentário

No dias  30 de junho e 08 de julho de 2010 das 8:30h às 12:30h foi realizado o Mini-curso: Manuseio de GPS e Transferência de Pontos no laboratório de Geomática (LAGEO)  da Universidade Federal do Piauí, com objetivos de instrumentalizar graduandos em geografia no uso de aparelhos de GPS e iniciar os alunos na utilização do Software GPS TrackMaker.  O Mini-curso foi ministrado por Roberto Souza, sendo oferecido inicialmente para alunos que estão inseridos no projeto de Iniciação Cientifica Voluntária (ICV): Banco de Dados Georreferenciado de Vilas e Favelas de Teresina-PI. Em breve realizaremos novos cursos para os demais alunos do curso de graduação em Geografia.

Logo a baixo está um vídeo que mostra um pouco do que foi trabalhado durante o curso.

Acadêmicos de Geografia da UFPI no PARNA Serra da Capivara

15 de julho de 2010 1 comentário

A referente visita dos acadêmicos de geografia ao Parque Nacional Serra da Capivara ocorreu entre os dias 24 a 27 de junho,motivada pela necessidade de aproximar os conteudos trabalhados em sala de aula com a realidade através de atividades de pesquisa e ensino desenvolvidas em campo.

Por conta disso os Prof. Raimundo Wilson e Bartira Araujo, ministantes das disciplinas de Conservação e Geografia Agrária no curso de Geografia da UFPI, incubiram-se de realizar essa aula de campo, buscando com a mesma fazer com que os acadêmicos venham a compreender como se deu a vida do homem pré-historico que viveu naquela região e como vem sendo executado o plano de manejo do parque.

Agora deixo para voçês algumas imagens de um dos lugares mais belos que já visitei.

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PREFÁCIO DO PROJETO DE PESQUISA “BANCO DE DADOS GEORREFERENCIADO DAS VILAS E FAVELAS DE TERESINA – PI”

3 de julho de 2010 Deixe um comentário

Até 1950, metade da atual população de Teresina vivia em áreas rurais. Somente a partir dos anos 1970 Teresina obtém uma configuração definitiva em seus aspectos urbanos, econômicos e sociais a partir de intensos fluxos migratórios advindos pelas oportunidades geradas pelo crescimento e diversificação da economia e pela expansão da infra-estrutura básica.  A abertura de rodovias federais e a decorrente ampliação das estaduais, no final dos anos 1960 e início dos 1970, aproximaram a cidade de centros regionais e nacionais, além de outros Municípios do Estado. Somadas a esses fatos a posição geográfica de Teresina e a proximidade com áreas mais castigadas pela seca contribuíram para a sua transformação em um dos grandes pólos de atração de migrantes da região, dado ser a única capital do Nordeste localizada no interior e não no litoral.

Assim, a cidade de Teresina experimentou, nos últimos 30 anos, uma verdadeira “explosão urbana”, passando de 181 mil habitantes, em 1970, para cerca de 700 mil em 1996, detendo mais de 39% do contingente urbano do Estado do Piauí. É marcante, nesse processo, o fato de ter sido acompanhado por um aumento pronunciado da população pobre, que, no Município, constituía maioria. Segundo dados de 1995, cerca de 80% dos habitantes da cidade possuíam renda per capita de até dois salários mínimos.

A expansão urbana de Teresina deu-se a partir de um núcleo central, que correspondia à área urbanizada até o fim da década de 1960, nos sentidos norte, sul e leste.  A política habitacional, a partir dos anos 1970, desempenhou um papel fundamental na expansão física da cidade, com a implantação de grandes conjuntos residenciais populares em áreas distantes do centro, ao mesmo tempo em que se investia em vias de acesso e melhorias locais. Esses últimos benefícios alcançaram, principalmente, os segmentos de renda média da população e afetaram, sobretudo, o padrão de urbanização no eixo de expansão leste da cidade.  Tais investimentos acabaram por adicionar valor ao solo urbano, elevando o seu preço e desencadeando uma agressiva especulação imobiliária. Os efeitos desse processo são vistos como principais fatores que ocasionaram a expansão desordenada do sítio urbano e o surgimento de assentamentos habitacionais informais. A população de baixas e baixíssimas rendas passou a ocupar os interstícios urbanos, terrenos vazios públicos e privados, nas zonas periféricas. Esse foi o cenário que começou a aflorar no sítio urbano da capital Teresina.

As localidades em que questão foram classificadas em categorias pela Prefeitura, com as definições a seguir:

CATEGORIA 1

(PARQUES E RESIDENCIAIS)

Áreas de assentamento planejado e executado pela Prefeitura, em loteamento de interesse social, observando a legislação de parcelamento do solo em vigor. Diferenciam-se pela tipologia dos domicílios, que, nos parques, são inicialmente de taipa/telha e construídos pelas famílias em regime de autoconstrução, enquanto que, nos residenciais, são construídos predominantemente de alvenaria/telha, em regime de mutirão familiar. São áreas beneficiadas com infra-estrutura básica, bem como com regularização fundiária.
CATEGORIA 2

(VILAS)

Áreas de ocupação irregular do solo caracterizadas, inicialmente, pela ausência de infra-estrutura e precariedade da construção dos domicílios, mas que apresentam condições para a regularização fundiária e urbanização.
CATEGORIA 3

(FAVELAS)

Aglomerados humanos situados em área de ocupação irregular do solo que se caracterizam pela precariedade da construção de moradias e ausência de urbanização e saneamento, áreas de risco impróprias à moradia, demandando por parte do Poder Público Municipal a remoção das famílias para áreas adequadas de reassentamento.

Na planta original da cidade não existia nenhuma identificação das vilas e das favelas.  Estas foram levantadas, ainda que precariamente, do ponto de vista cartográfico, a partir dos Censos de Vilas e Favelas realizados ao longo dos anos 1990. Não há uma delimitação precisa de cada uma dessas áreas, havendo somente uma identificação delas através de pontos que simbolizam a presença das vilas e favelas.

A partir desse pressuposto, surgiu através da iniciativa do Professor MSc. Luiz Eugênio Pereira Carvalho, juntamente com um grupo de alunos do curso de Geografia da Universidade Federal do Piauí, a realização de um projeto que objetiva a delimitação precisa dessas áreas e a construção de um banco de dados Georreferenciados das vilas e favelas da cidade de Teresina.

Espera-se que, os produtos deste projeto de pesquisa sejam capazes de dar significativa contribuição tanto para o trabalho acadêmico como para ações de planejamento e intervenção urbana de Teresina.

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O QUE É FAVELA, AFINAL?

3 de julho de 2010 Deixe um comentário

Uma contribuição do Observatório de Favelas

Desde sua criação, o Observatório de favelas vem buscando estabelecer novos modos de apreensão do fenômeno da favelização. Este empenho se origina a partir do reconhecimento de que a representação das favelas – e de seus moradores – orienta políticas e projetos que, na maioria das vezes, se fundamentam em pressupostos equivocados, em geral superficiais, baseados em estereótipos que não permitem uma compreensão aprofundada sobre a realidade social, econômica, política e cultural em sua totalidade e complexidade.

A diversidade das formas e das dinâmicas sociais, econômicas e culturais, também tem sido um desafio na compreensão do que é uma favela e, por conseguinte, na definição de parâmetros universais que orientem uma definição mais precisa.

Com efeito, por se tratar de um fenômeno diverso e complexo, e ao mesmo tempo marcado por forte estigmatização, observa-se que os pressupostos centrados em parâmetros negativos têm sido utilizados como referência hegemônica na representação social e na elaboração de definições mais concisas sobre o fenômeno. Estes pressupostos se sustentam em torno das idéias de ausência, carência e homogeneidade, e tomam como significante aquilo que a favela não é em comparação a um modelo idealizado de cidade: “a favela não possui arruamento regular”, “a ocupação é ilegal”, não há oferta formal de serviços públicos”, dentre outros exemplos.

Nós compreendemos que as favelas constituem moradas singulares no conjunto da cidade, compondo o tecido urbano, estando, portanto, integrado a este, sendo, todavia, tipos de ocupação que não seguem aqueles padrões hegemônicos que o Estado e o mercado definem como sendo o modelo de ocupação e uso do solo nas cidades. Estes modelos, em geral, são referenciados em teorias urbanísticas e pressupostos culturais vinculados a determinadas classes e grupos sociais hegemônicos que consagram o que é um ambiente saudável, agradável e adequado às funções que uma cidade deve exercer no âmbito do modelo civilizatório em curso.

O processo de urbanização brasileiro revela que os marcos do ordenamento territorial é que foram sendo ajustados aos modelos de ocupação – e não o contrário – , salvo o caso das “cidades planejadas”, a exemplo de Brasília. Todavia, ao longo dos anos, e do processo de regulação da vida social estabelecido pelo Estado, os assentamentos em favelas, por suas características morfológicas e também por sua composição social, foram sendo relegados ao lugar da ilegalidade e da desconformidade com as normatizações que foram criadas pelos grupos hegemônicos que exerciam o poder político e econômico nas cidades.

Em função disso, acreditamos que uma definição de favela não deve ser construída em torno do que ela não possui em relação ao modelo dominante de cidade. Pelo contrário, elas devem ser reconhecidas em sua especificidade sócio-territorial e servirem de referencia para a elaboração de políticas públicas apropriadas a estes territórios. Este reconhecimento já vem sendo realizado, em parte, por meio do estatuto da cidade, que define as favelas como áreas de especial interesse, que necessitam de uma regulação própria baseada na sua materialidade dada. È a concretude da sua morfologia que se estabelecem as referencias possíveis do que é compreendido como uma morada digna, dotada das condições necessárias para bem-estar e o bem-viver. Enfim, uma morada onde grupos que se aproximam por valores, práticas, vivencias, memórias e posição social, construam sua identidade como força de realização de suas vidas.

O observatório de vilas e favelas, portanto, considera que a favela é um território constituinte da cidade caracterizada, em parte ou em sua totalidade, pelas seguintes referências:

– Insuficiência histórica de investimentos do Estado e do mercado formal, principalmente o imobiliário, financeiro e de serviços;

– Forte estigmatização sócio-espacial, especialmente inferida por moradores de outras áreas da cidade;

– Níveis elevados de subemprego e informalidade nas relações de trabalho;

– Edificações predominantemente caracterizadas pela autoconstrução, que não se orientam pelos parâmetros definidos pelo Estado;

– Apropriação social do território com uso predominante para fins de moradia;

– Indicadores educacionais, econômicos e ambientais abaixo da média do conjunto da cidade;

– Ocupação de sítios urbanos marcados por um alto grau de vulnerabilidade ambiental;

– Grau de soberania por parte do Estado inferior a média do conjunto da cidade;

– Alta densidade de habitações no território;

– Taxa de densidade demográfica acima da média do conjunto da cidade;

– Relações de vizinhança marcadas por intensa sociabilidade, com forte valorização dos espaços comuns como lugar de encontro;

– Alta concentração de negros (pardos e pretos) e descendentes de indígenas, de acordo com a região brasileira;

– Grau de vitimização das pessoas, sobretudo a letal, acima da média da cidade.

Consideramos que as idéias acima explicitadas devam ser referenciadas em torno de princípios que se fundamentem em uma cidade diversa, una e plural, e que orientem uma gestão metropolitana pautada pela justiça territorial. Compreender a cidade em sua pluralidade é reconhecer a especificidade de cada território e seus moradores, considerando-os como cidadãos que devem ter seus direitos sociais garantido na forma de políticas públicas afeiçoadas a seus territórios. Trata-se de um princípio da validação plena da vida social, democraticamente orientada e configurada nos usos legítimos do território por grupos sociais marcados por profundas desigualdade sociais.

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